Censura da novela ''Roque Santeiro''
Professora Fernanda HaffermannGuarapuava,2014. Sátira à exploração política e comercial da fé popular, a novela marcou época apresentando uma cidade fictícia como um microcosmo do Brasil. A cidade é Asa Branca, onde os moradores vivem em função dos supostos milagres de Roque Santeiro (José Wilker), um coroinha e artesão de santos de barro que teria morrido como mártir ao defender a cidade do bandido Navalhada (Oswaldo Loureiro). O falso santo, porém, reaparece em carne e osso 17 anos depois, ameaçando o poder e a riqueza das autoridades locais. Em 1975, Roque Santeiro teve uma versão proibida, protagonizada por Betty Faria (Porcina), Lima Duarte (Sinhozinho Malta) e Francisco Cuoco (Roque Santeiro). Já haviam sido gravados 30 capítulos da novela quando a Censura Federal percebeu que se tratava de uma adaptação do texto teatral, vetado anteriormente, O Berço do Herói, escrito por Dias Gomes em 1963. No dia da proibição, o locutor Cid Moreira leu no Jornal Nacional um editorial assinado pelo presidente da Rede Globo, Roberto Marinho, anunciando o veto. Em meio à comoção da equipe, a emissora teve apenas três meses para produzir outra novela. Para preencher o buraco na programação, foi exibida uma reprise compacta de Selva de Pedra (1972), de Janete Clair, posteriormente substituída por Pecado Capital (1975), da mesma autora. Para a realização desta novela, parte do elenco e dos cenários de Roque Santeiro foi aproveitada. Embora tenha sido produzida e gravada às pressas, Pecado Capital se tornou um marco da teledramaturgia brasileira. A intervenção da Censura Federal, proibindo a exibição da primeira versão de Roque Santeiro, rendeu uma breve internação de José Bonifácio de Oliveira, o Boni, em uma casa de saúde, com suspeitas de enfarto. O diretor Dennis Carvalho, que interpretaria o personagem Roberto Mathias na primeira versão de Roque Santeiro,