Celso Furtado por Fernando de Oliveira
Fernando de Oliveira
Uma das características pessoais de Furtado que mais se imprimiriam em suas obras é a capacidade de ação ligada ao pensamento teórico. Assim, toda sua produção intelectual, para a qual deve também ser considerada sua influente participação na CEPAL, possui tanto um substrato teórico bastante desenvolvido quanto digressões práticas. E é justamente essa relação entre teoria e prática que constituirá os pontos fortes e fracos de seu pensamento. A contribuição intelectual de Furtado pode ser compreendida por oferecer uma alternativa às duas correntes de pensamento predominantes à época. De um lado, opõe-se à teoria neoclássica, que se fundamenta em uma perspectiva a-histórica, não temporal e espacialmente generalizada. De outro, não se coaduna perfeitamente com o arcabouço marxista (esta teoria considerada mais positivamente por Oliveira por, pelo menos, tratar das peculiaridades históricas na formação de realidades econômicas específicas), já que o posterior desenvolvimento simplista desta tendeu a classificar as economias desenvolvidas à margem das economias capitalistas centrais como simples continuações de colônias, o que de fato não era verdade (as alterações econômico-sociais por que passaram foram por demais amplas para que pudessem ser reduzidas a nada). Desse modo, o desenvolvimento da idéia de uma teoria para o subdesenvolvimento das economias capitalistas periféricas constitui um grande marco à historiografia econômica, um projeto levado a cabo por Furtado e pela CEPAL e que certamente coloca o autor como uma das figuras centrais quanto ao estudo do Brasil: “[...] de suas mãos nascendo o pensamento sobre o Brasil moderno [...]”. Oliveira não nega a importância que teve Caio Prado Jr. à compreensão histórica da nação brasileira, mas pelo caráter quase estritamente marxista de sua produção intelectual (que, portanto, não seria aceito sob qualquer hipótese pelas elites), apresenta