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Laurindo Mékie Pereira
O objeto deste texto é o entendimento da chamada questão regional no pensamento de dois pensadores do século XX: o italiano Antonio Gramsci e o brasileiro Celso Furtado. Os dois autores representam duas vertentes de interpretação para uma mesma temática e foram referências importantes para o estudo e mesmo enfrentamento, respectivamente, da Questão Meridional na Itália e da Questão Nordeste no Brasil.
Evidentemente, em função da amplitude da bibliografia produzida pelos autores, bem como da que foi escrita a respeito deles e da diversidade de temas que emerge desse conjunto, o presente enfoque fará recortes, concentrando-se apenas na temática proposta e só abordando outros temas e conceitos quando eles se apresentarem imprescindíveis à compreensão do objeto em análise.
Antonio Gramsci nasceu na Sardenha, sul da Itália, no ano de 1891. Desde sua juventude foi um ativo participante das lutas políticas, tendo militado no Partido Socialista Italiano – PSI – e no Partido
Comunista Italiano – PCI, fundado em 1921. Em 1926, ele foi preso pela polícia de Mussolini. Escreveu na prisão os famosos quaderni1, onde estão contidas suas concepções teóricas e políticas. Gramsci passou vinte anos na prisão, sendo libertado em abril de 1937, poucos dias antes de sua morte.2
Celso Furtado nasceu em Pombal, no sertão do Estado da Paraíba, no ano de 1920. Formou-se em
Direito. Participou da Força Expedicionária Brasileira na II Guerra Mundial. Concluiu o Doutorado em Economia pela Universidade de Paris (Sorbonne), em 1948. Entre 1949 e 1957, trabalhou na Comissão Econômica para América Latina e Caribe – CEPAL, tornando-se um dos expoentes do que se convencionou chamar pensamento cepalino. Planejou e dirigiu, de 1959 a 1963, a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste – SUDENE. Furtado escreveu dezenas de livros.3 A questão nordeste foi objeto constante de suas preocupações,