Ceara mirim rn
“Os velhos engenhos, que, como o poema de Ascenso Ferreira, só os nomes fazem sonhar, parecem ser adormecidos no silêncio verde do paraíso. De longe eles nos conta sua história, todos tem mais ou menos a mesma história e o céu anda todo impregnado dos anseios que o fumo de suas chaminés esparzia. Lá está, na visão proustiana, o Guaporé, reduto da civilização rural, cidadela do sonho perdida nos mistérios do tempo. Do alto da torre da Igreja ninguém o diria morto ou, pelo menos, suspenso sobre os abismos do seu próprio enigma. O vale é esplendoroso, opulento, edênico, como se tivesse saído, há pouco, da pagina de Gênesis. Até a morte dos engenhos é ali rica faustosa, hierática.” O trecho acima, retirado da obra o “Imagens do Ceará-Mirim”, escrita por Nilo Pereira, em que o autor constrói, por meio das lembranças de sua infância, a evolução histórica do Vale do Ceará-Mirim, Estado do Rio Grande do Norte demostrando como os engenhos dominaram e dominam a paisagem da região. A Obra de caráter memorialística, como também evocativa, Nilo Pereira busca, em suas memorias, a reconstrução de um passado aristocrático que dominou a região. Um passado formado por “senhores e escravos, grandes e pequenos, feitores e cambiteiros – a gama social de engenho, movendo-se num cenário distante”. Um passado carregado de tradições de uma economia rural e patriarca, onde os engenhos, distribuídos ao longo do vale caracterizam a paisagem açucareira da região. Este trabalho tem como objetivo de entender como a instalação da cultura açucareira ao longo do rio Ceará-Mirim definiu a organização espacial do Vale, configurando assim a paisagem. Esse espaço começou a ser definido somente na segunda metade do século XIX, quando se iniciou o cultivo da cana de açúcar nas terras localizados nas margens do rio Ceará-Mirim. A passagem desse período de grande prosperidade pode ser observada através do patrimônio ainda presente na região. Percorrendo o Vale,