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APRIL 25, 2006
DWIGHT B, CRANE
RICARDO REISEN DE PINHO
Ultra: A Busca Pela Liderança (A)
Desenvolvemos uma disciplina financeira e operacional que não deixa espaço para os egos dos administradores. — Paulo G. A. Cunha, Presidente do Conselho e CEO da Ultrapar1
Cunha olhava para um antigo retrato pendurado no seu escritório, ao recordar-se de suas últimas palavras em uma reunião do conselho de administração, em Dezembro de 2000. A foto, tirada em meados da década de 80, mostrava três gerações de diretores executivos da Ultra: Pery Igel, filho do fundador da empresa e o responsável pelo crescimento e diversificação da Ultra durante os anos 60;
Hélio Beltrão, um executivo profissional que redirecionou a empresa rumo à indústria petroquímica
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na década de 70 e o próprio Cunha.
A Ultra estava ponderando sobre o valor do lance em um leilão de envelope lacrado para adquirir ativos que faziam parte do complexo petroquímico de Camaçari. Cunha gastou uma parte significativa dos últimos dois anos em discussões com o conselho de administração e seus dois principais auxiliares, Fábio Schvartsman, o diretor financeiro da Ultra, e Pedro Wongtschowski, o responsável pela área petroquímica da Ultra, a Oxiteno. A “jóia da coroa” do complexo de Camaçari era a Copene, a maior fracionadora petroquímica da América do Sul. Ela “quebrava” a nafta para produzir etileno, a principal matéria-prima da Oxiteno. Cunha e seus colegas acreditavam que a aquisição da Copene geraria sinergias operacionais e financeiras com a Ultra e também garantiria a disponibilidade de matéria-prima para uma expansão futura. O insucesso na aquisição do controle provavelmente depreciaria a pequena participação que a Ultra já possuía na Copene, uma vez que ela seria uma posição minoritária e ilíquida em uma empresa de capital fechado, que passaria a ser controlada por um concorrente.
Além de considerações estratégicas, também haviam ocorrido diversas discussões sobre como precificar a Copene. Uma