Caso escola base
Um delegado histriônico, uma imprensa histérica, uma acusação bombástica seguida de condenação instantânea e lichamento público dos acusados. É, sem dúvida, um enredo que assustaria o mesmíssimo Kafka. Infelizmente, a história não saiu de um conto kafkaniano, é real, aconteceu no Brasil e destruiu a vida de um casal que começava a construir sua escola no começo da década de 90.
Após o Impeachmant de Collor, as notícias andavam escassas aqui no Brasil. O que poderia chamar a atenção se há pouco tempo se destituiu um presidente eleito? Foi nesse cenário que a imprensa brasileira jogou no lixo toda e qualquer prática jornalística de busca pela verdade, de ouvir todas as partes e de verificar as informações.
Um casal de ascendência japonesa começava a ter sucesso com a sua escola infantil, a Escola Base, quando foi surpreendido pela tempestade midiática de acusações de violência sexual. Um menino teria contado à mãe que o haveriam levado a um lugar estranho na kombi escolar, ele teria sido deitado na cama e adultos teriam tentado beijá-lo e despí-lo. A mãe da criança, então, fez a denúncia à polícia e o delegado, talvez inspirado pelo ditado popular de que os bêbados e as crianças sempre dizem a verdade, condenou-o abjetamente declarando aberrações jurídicas como: ´´o inquérito é a prova``.
A imprensa, sedenta pelo escândalo, usou e abusou do direito ao sensacionalismo barato regado a doses de sadismo (tendência que não mudou muito 20 anos depois, dado que os programas de pornografia da violência, segundo o qual quanto mais cruel, maior a audiência, continuam existindo e sendo assistidos por mais de um). Com manchetes como a vulgar “kombi era motel na escolinha do sexo”, culpou os condenados a partir de um laudo médico não conclusivo. O resultado: A escola foi depredada, a reputação dos donos, esquartejada e suas vidas, destruídas. O linchamento midiático propiciou reação parecida da