cartografia
CITY, GASTRONOMY AND CULTURAL HERITAGE
José D’ENCARNAÇÃO1
Resumo: Em todos os países, a gastronomia (ou a culinária) tradicional constitui cada vez mais um património, que importa valorizar e divulgar, não só para fomentar a identidade local e regional perante a avassaladora globalização, mas também para despertar apetite no turista. E se, oficialmente, os governos legislam já no sentido dessa promoção, certo é que são localmente os municípios que
maior
dinâmica
manifestam
no
sentido
dessa
consciencialização. Aproveita-se o ensejo para dar conta de como já na época romana os banquetes detinham relevante significado político e social.
Palavras-chave: Património gastronómico. Globalização. O banquete romano.
Abstract: Traditional gastronomy is a veritable heritage, vehicle of an identity that people must preserve and develop. There are already governmental laws about this, but in fact the greatest increment of these traditions is carried out by the local entities, including presenting a new touristic attraction. In the
Roman time, the banquet was already an excellent way to obtain political and social dividends.
Key words: Traditional gastronomy. Roman banquet. Roman epigraphy.
PATRIMÓNIO E IDENTIDADE
«Um povo que defende os seus pratos nacionais defende o território. A invasão armada começa pela cozinha» – proclamou o escritor Fialho de Almeida (1857-1911).
Esta frase, amiúde citada, vem, por exemplo, nas pp. 385-392 do I volume da
História da Alimentação no Brasil, de Luís da Câmara Cascudo.2 Nesse primeiro volume, refere-se o ‘cardápio indígena’, a ‘dieta africana’ e a ‘ementa portuguesa’. E é a propósito desta que se inserem as reflexões de Fialho de Almeida, nomeadamente
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Doutor em História na especialidade de Pré-História e Arqueologia. Professor na Universidade de
Coimbra. CPES – Centro de Pesquisa e Estudos Sociais - Universidade Lusófona – Lisboa
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Companhia Editora