Cartel, uma possibilidade clínica

Cartel. Uma possibilidade clínica.
Patricia da Silva Gomes
A prática clínica me trazia questões sobre o que é o atendimento, principalmente às crianças, sujeitos trazidos pelo outro, com demandas que muitas vezes lhe eram desconhecidas. Como fazer uma clínica, onde há a demanda do outro, e ainda não há demanda do sujeito? E se há uma demanda da criança como eu posso manejá-la?
Com estas questões, fui provocada na minha análise pessoal a procurar o Iepsi (na ocasião ainda não era Escola Freudiana de BH), para a formação de um cartel. Não conhecia ainda o dispositivo, e imaginava que seria um espaço em que poderia aprender, trocar experiências e encontrar respostas seguras e objetivas para o trabalho clínico. Segundo Pessoa (p.02,2011) “ao participar de um cartel, estudamos um tema que é geral, que nos é dado ou escolhido, e só podemos dar a partida ao ato criativo a partir do individual, quando formulamos uma questão.
O cartel a ser formado deveria seguir as indicações oferecidas por Lacan em 1980: “são quatro os membros que se escolhem e que devem a partir de seu trabalho chegar a um produto de cada um; esses quatro reúnem-se em torno de um mais-um que deve velar pelos efeitos internos do cartel assim como provocar a sua elaboração(...)”( Drumond,p.3,1999) E assim iniciou-se o trabalho: três colegas de graduação e uma outra pessoa já inscrita na instituição. Esta pessoa estava inscrita aguardando a formação de algum cartel cujo tema lhe interessasse. Este integrante esteve presente nos primeiros encontros, afastando-se posteriormente.
Seguia com as minhas questões, com uma febre de saber e procura de respostas que pudessem preencher e garantir uma forma mais efetiva e segura de trabalhar com crianças e adolescentes. A partir deste posicionamento de buscar um conhecimento estruturado, sustentado por um mestre, pronto a ser adquirido, começamos a ler tudo o que trazíamos para o cartel, mas não conseguíamos nem formular as nossas dúvidas.
Neste