Cartas de Sangue
CURSO DE LETRAS PORTUGUÊS/INGLÊS
DISCIPLINA LÍRICA DE LÍNGUA PORTUGUESA – I
PROFESSORA: MARTHA PARAHYBA
ALUNO: MARCUS VINÍCIUS RÔMULO RODRIGUES
CARTAS DE SANGUE
Há muitas histórias tristes e fatídicas! Mas dentre estas, nenhuma pode ser mais penosa do que as escritas a base do derramamento de sangue. Eu carrego minha alma banhada de injustiças e respingada pelo sangue de muitos dos meus entes queridos, e para tanto contarei acerca do nefasto episódio que desencadeou e culminou na desgraça dos Távoras e consequentemente dos Aveiros, Alornas e Autoguias. Antes de tudo, apresento-me, eu sou Dona Leonor de Almeida Portugal Lorena e Lencastre, Marquesa de Alorna1. Mas, na época em que tudo me aconteceu, eu não passava de uma menina, tinha apenas oito anos de idade e uma visão puritana do mundo, entretanto não há pureza nas palavras que eu hei de lhes contar, conto-lhes minha história o que soube e ouvi na época e mais adiante vocês entenderão tudo.
Era o ano de 1758, lembro-me bem, uma noite carregada, dessas em que o ar se dá pesado, era lua cheia e até que eu pegasse no sono escutava o uivar dos lobos ao redor do palácio Quinta da Alorna, residência oficial de minha família, um palácio muito lindo que possui pontes levadiças, lagos e luxos tais quais a um palácio francês, por ser a beira do rio Tejo e por possuir uma vasta área verde sempre tínhamos a visita das matilhas de lobos a espreitar nossos rebanhos. Na noite que antecedeu o fatídico dia, ao som dos uivos eu peguei no sono e tive um sonho tão estranho que mais parecia um aviso: Disseste-me: -“Dorme, Leonor, depnho sobre ti meus cuidados, meu amor sobre ti vigia, mal podes temer os fados.” Sonhei que tu vens nos meus sonhos acalmar-me o coração, mas cruel! Quanto prometes, e não passa de uma ilusão! Esta noite, sonhei que tu me chamavas e que sobre a relva branda tu me acalentavas entregava-me uma chave que abriria um tesouro, chave