carta pero
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Ao longo do texto, percebe-se o grande apego do autor às categorias sensoriais, isto é, a
valorização dos sentidos, principalmente o da visão.
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O caráter plástico o atrai mais do que a possível significação social e cultural.
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A visão apresentada é etnocêntrica ou eurocêntrica, o que está por detrás dos vários
equívocos transmitidos na epístola.
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Donaldo Schüler aborda um desses equívocos:
“A desinteligência não se restringe à fala e aos gestos. Qual era o sentido das pinturas que revestiam o corpo dos silvícolas? Os descobridores estavam longe de imaginar que a finalidade daquelas formas coloridas, resistentes ao contato com a água, era mais que estética.
Escapava-lhes que naquelas linhas estava inscrita hierarquia, função, nacionalidade.
Advertidos de que impropriamente restringimos a escrita ao alfabeto, devemos considerar aquelas cores e traços signos de um sistema de escrita pictórica, ex pela organização social”.
I. O Estilo - Em linhas gerais, alguns traços do autor e de seu estilo podem ser exemplificados com passagens de seu texto:
• Visão etnocêntrica, eurocêntrica dos aborígenes:
“A feição deles é serem pardos, maneira de avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos (...)“
• Uso de comparações com elementos da cultura européia
“(...)e o que lhe fica entre o beiço e os dentes é feito como roque de xadrez (...)“
“(...)e andava todo por louçainha cheio de penas pegadas pelo corpo, que parecia assetado como são Sebastião.”
• Predisposição em descrever o que interessa ao desejo do colonizador:
“Viu um deles umas contas de rosário, brancas; acenou que lhas dessem e folgou muito com elas, e lançou-as ao pescoço e depois tirou- as e embrulhou-as no braço, e acenava para a terra e então para as contas e para o colar do Capitão, como dizendo que dariam ouro por aquilo. Isto tomávamos nós assim por o desejarmos, mas se ele queria dizer que levaria as contas e mais o colar