Carta de adeus
Nunca pensei que pudesse existir dor tão grande quanto a que estou sentindo agora. Tudo dentro de mim está massacrado, principalmente meu coração. Ele está batendo mais fraco, quase parando. Há um nó em minha garganta e o ar parece não chegar da maneira devida até meus pulmões. Minhas mãos tremem tanto quanto suam.
Eu queria que você tivesse em suas mente apenas a imagem de nós dois juntos, curtindo a presença um do outro. Não queria que me visse indo embora, que tivesse em sua lembrança o momento em que nos diríamos adeus.
Escrevendo aqui, com apenas o som da chuva lá fora, ao fechar os olhos posso imaginá-lo ao meu lado, sussurrando em meu ouvido palavras doces que usualmente saem de sua boca. Posso sentir o cheiro entorpecente de seus cabelos, seus lábios tocando os meus... Esses sentidos estão guardados dentro da minha mente como se fossem parte de mim.
Tenho que admitir que não sabia o que escrever quando a idéia da despedida surgiu em minha mente. Não sabia, porque o fato de ficar distante de você por uma fração de segundo pode me levar à loucura. Não ter seus beijos, seus abraços, suas juras de amor, suas brincadeiras, sua voz doce em meu ouvido... Não ter tudo isso me tira o ar por alguns instantes e a dor dentro de mim chega a ser insuportável.
Ficar longe de você parece ser uma tarefa impossível, porém não vejo outra saída.
A razão porque dói tanto separarmo-nos é porque as nossas almas estão ligadas. Talvez sempre tenham estado e sempre o fiquem. Talvez tenhamos vivido milhares de vidas antes desta, e em cada uma tenhamos nos reencontrado. E talvez em cada uma tenhamos sido separados pelos mesmos motivos. Isto significa que esta despedida é, ao mesmo tempo, um adeus pelos últimos dez mil anos e um prefácio ao que virá.