O aspecto barroco nas cartas portuguesas de mariana alcoforado
DE MARIANA ALCOFORADO
Para que se possa compreender a quê o título deste trabalho sugere, primeiramente faz-se saber as características do estilo barroco em Portugal, país onde nasceu e viveu a autora das epistolografias. Em Portugal, o Barroco ou Seiscentismo tem seu início em 1580 com a unificação da Península Ibérica, o que acarretará um forte domínio espanhol em todas as atividades, daí o nome Escola Espanhola, também dado ao Barroco lusitano. O Seiscentismo se estenderá até 1756, com a fundação da Arcádia Lusitana. O estilo barroco nasceu da crise de valores renascentistas ocasionada pelas lutas religiosas e pela crise econômica vivida em consequência da falência do comércio com o Oriente. O homem do Seiscentismo vivia um estado de tensão e desequilíbrio, do qual tentou evadir-se pelo culto exagerado da forma, sobrecarregando a poesia de figuras de linguagem. Com relação a esta situação Silvestrini aponta que:
O homem do século XVII viveu uma situação dilemática, quando foi solicitado a regressar à fé, abalada com o triunfo do racionalismo clássico. Considerado a medida de todas as coisas, ele resistiu à abdicação de um mundo de direitos que o humanismo renascentista lhe dera. Assim, o temário da Literatura seiscentista é um atestado da influência religiosa da Contrarreforma, que proclamava o medo da morte, a consciência do pecado, a contradição, o desengano, a oscilação de sentimentos distintos, a sensação do tempo e o conseqüente o desejo de aproveitar a vida presente. Dentre os muitos autores que exercitaram esse temário, destacamos Sóror Mariana Alcoforado (SILVESTRINI, 2008, p. 10).
A igreja católica, através da Contrarreforma, tenta recuperar o teocentrismo medieval (Deus como centro de todas as coisas) e o homem barroco não deseja perder a visão antropocêntrica renascentista (O homem como o centro de todas as coisas), assim o Barroco tenta atingir a síntese