Carcereiros
Borboletas da alma
Carcereiros
De braços para o alto
Estação Carandiru
O médico doente
Nas ruas do Brás
Por um fio
Primeiros socorros
A teoria das janelas quebradas
Sumário
Um dia trágico
Carcereiros
José Araújo
Questão de princípios
Carcereiros do passado
Os delatores
A batalha do conhaque
Hulk
Bem Nutrido
Zé Montanha
Irani Moreira
A negociação
A faca afiada
O submundo
O Empreiteiro de Cristo
Luiz Wolfmann, o Luizão
Solidariedade
A mulher
Shirley, o estelionatário e seu Silva
A cachaça
Sombra
O inferno de Joyce
A tortura
Violência contagiosa
Na sala de Revista
Valdemar Gonçalves
Guilherme Rodrigues
Negociador nato
Dinheiro falso
O palco do Chiquinho
O túnel
A implosão
Fábricas de ladrões
Fuga sangrenta
Amauri Bonilha
A festa
Um dia trágico
Seu Araújo tem o andar, o ritmo da fala e a sabedoria de negro velho dos terreiros de candomblé. Somos amigos há mais de vinte anos, mas ainda fico em dúvida se o ar simplório lhe é natural ou se ele o cultiva com requinte profissional para esconder a sagacidade com que observa o ambiente e o interlocutor.
Às sete da manhã do dia 2 de outubro de 1992, olhou as plantas no corredor, regou dois vasos de avenca e saiu de casa, como de rotina. Pegou o metrô na estação Tatuapé, desceu na Sé e fez a conexão para Santana. Dez para as oito entrava para ocupar o posto de chefe titular substituto do pavilhão Oito da Casa de Detenção, conhecida popularmente como Carandiru.
Quando seu Araújo passou pela Portaria, um colega baixo e entroncado, com a barba por fazer, tomou o cuidado de avisá-lo:
— Está havendo um probleminha no pavilhão Nove. Fica esperto.
Como no pavilhão Oito a situação era de normalidade, no meio da manhã, acompanhado de três colegas, ele atravessou o portão que separava os dois pavilhões, para ajudar os companheiros de plantão no Nove a solucionar o tal probleminha. O clima estava tão carregado