capoeira e aprendizado
Johnny Menezes Alvarez
Doutorando no Instituto de Psicologia da UFRJ
Quando observamos capoeiristas em atividade destacamos um movimento de corpo característico desta tradicional prática comumente denominado de ginga. Para jogar capoeira devemos estar sempre gingando. Neste trabalho pretendemos discutir o aprendizado da ginga, extraindo daí os sentidos que a tradição viva da capoeira vem dando a esta prática. Dito deste modo o problema é apresentado de modo amplo, generalizado e bastante vago. Nesse sentido, vamos procurar circunscrever o máximo o lugar de onde falamos, pois não queremos falar da ginga em geral de uma capoeira em geral, mas dos sentidos da ginga dentro do movimento que a partir da primeira metade do século vinte na Bahia veio a se chamar de Capoeira Angola. Para tanto utilizaremos alguns relatos dos mestres de hoje e de outrora a respeito da ginga e de seu aprendizado, alguns textos teóricos em psicologia, antropologia e filosofia que possam nos ajudar no entendimento do aprendizado da ginga, assim como a experiência que venho tendo como aprendiz de capoeira angola a cerca de seis anos1. Nossa pretensão não é através deste lugar singular e específico do qual nos aproximamos, extrair daí uma teoria geral da aprendizagem ou da ginga na capoeira. Entendemos que com essa aproximação singular e característica das práticas de aprendizado da ginga na capoeira angola podemos justamente evitar as tendências generalistas que perpassam as teorias da aprendizagem.
Em 1941 Vicente Pastinha funda em Salvador, junto a outros importantes capoeiristas do seu tempo, o CECA (Centro esportivo de capoeira angola) imbuído da necessidade de resistir às transformações modernizantes que a capoeira vinha sofrendo naquele tempo2. Pastinha funda o CECA no intuito de se adequar às novas necessidades da prática da capoeira sem perder o contato com suas raízes tradicionais (Daí o nome Angola, de onde uma grande parte dos escravos