Capitulo2
TRABALHO, LINGUAGEM E CONSCIÊNCIA: tecendo o humano concreto em
Freire e Vigotski
Tecer o encontro entre Vigotski e Freire, ou entre a psicologia histórico-cultural que tem em Vigotski seu principal representante e a pedagogia freireana, tendo como cenário filosófico para este encontro o materialismo histórico-dialético, de modo especial as categorias de trabalho, linguagem e consciência; este é o desafio que se coloca para o presente capítulo, cuja feitura, por assim dizer, persegue caminhos através dos quais se articulem as categorias centrais elencadas para este fim.
Seguramente, não serão aqui abordados muitos temas referentes à construção teórica de Marx e Engels via materialismo histórico-dialético. O recorte necessário fica por conta do tema em estudo, para o qual importa destacar pontos de encontro entre a psicologia histórico-cultural e a pedagogia freireana.
Para este fim, importa o conceito de Homem. A compreensão dos processos através dos quais se tece em cada indivíduo da espécie a humanidade, que, como se sabe, para a perspectiva marxista da psicologia, não nasce dotado de modos de pensamento tipicamente humanos, mas se constrói em processos sociais de mediação. A humanidade como fenômeno alcançado por processos interativos pode ser compreendida a partir de três categorias ou conceitos que, a meu ver, possibilitam uma articulação efetiva à compreensão
56 do humano, como aspecto central de unificação das teorias em debate neste estudo. São elas: trabalho, consciência e linguagem.
São três categorias que elucidam o homem como sujeito da história, como ser social. Como nos lembra Lukács ( [1981] 1996, p. 1), basta um olhar superficial sobre o homem como ser social para que se perceba
[...] a inextricável imbricação em que se encontra, suas categorias decisivas como o trabalho, a linguagem, a cooperação e a divisão do trabalho e para perceber que aí surgem novas relações de consciência com a realidade e, em decorrência, consigo mesmo,