capitalismo e classes sociais
O salário
Grande número de pessoas que ficaram sem a menor propriedade transformou-se em operários assalariados do Capital. Que devia fazer, com efeito, o camponês ou o fabricante arruinado? Das duas, uma: ou entrar como criado na casa de um proprietário agrícola, ou ir para a cidade a fim de trabalhar numa fábrica ou numa oficina. Não havia, para eles, outro caminho. Tal foi a origem do sistema salarial, este terceiro traço característico da ordem social capitalista.
O que é o sistema salarial? Antigamente, no tempo dos servos e dos escravos, podia vender-se ou comprar-se cada servo e cada escravo. Homens, com sua pele, seus cabelos, suas pernas e seus braços, eram a propriedade privada de seus senhores. O senhor mandava chicotear, até à morte, o seu servo, assim como quebrava, por exemplo, quando embriagado, uma cadeira ou um tamborete. O servo ou o escravo não passava de uma simples coisa. Entre os antigos romanos, as propriedades necessárias à produção eram francamente divididas em “instrumentos de trabalho mudos” (as coisas), “instrumentos de trabalho semimudos” (os animais de carga, carneiros, vacas, bois, etc.) e “instrumentos falantes” (os escravos, os homens). Uma pá, um boi, um escravo, eram para o senhor, indistintamente, instrumentos que ele podia vender, comprar, destruir.
No sistema salarial o homem, propriamente, não é vendido nem comprado. O que é vendido ou comprado é a sua força de trabalho, e não ele mesmo. O operário assalariado, pessoalmente é livre; o fabricante não pode espancá-lo nem vendê-lo ao vizinho, não pode trocá-lo por um jovem cão de caça, como se fazia no tempo da servidão. O que o operário faz, propriamente, é alugar os seus serviços. Parece que o capitalista e o operário estão no mesmo pé de igualdade. “Se não quiseres, não trabalhes, ninguém te obriga a trabalhar”, dizem os patrões. Chegam mesmo a afirmar que sustentam os operários, fazendo-os trabalhar.
Na realidade, os operários e