Cap4 O Homem Na Sociedade
Capítulo 4
A Perspectiva Sociológica - O Homem na Sociedade
Ao chegarem a uma certa idade, as crianças ficam profundamente admiradas com a possibilidade de se localizarem num mapa. Parece estranho que a vida familiar de uma pessoa tivesse transcorrido inteiramente numa área delineada por um sistema de coordenadas impessoais (e até então desconhecidas) na superfície de um mapa. As exclamações da criança - "Estive aqui!", "Agora estou aqui!" - revelam o assombro pelo fato de que o local das férias do verão passado, um local marcado na memória por fatos pessoais como a propriedade do primeiro cachorro ou uma coleção secreta de minhocas, tenha latitudes e longitudes específicas, determinadas por estranhos que não conhecem o cachorro, as minhocas ou a própria criança. Essa localização do "eu" em configurações concebidas por estranhos constituí um dos aspectos importantes daquilo que, talvez eufemisticamente, é chamado de
"crescer". Uma pessoa participa do mundo real dos adultos por possuir um endereço. A criança que talvez recentemente poria no correio uma carta endereçada "A vovô" agora informa a um colega caçador de minhocas seu endereço exato - rua, cidade, estado e o que mais for necessário - e vê sua tentativa de ingresso na cosmovisão adulta legitimada espetacularmente pela chegada da carta do amigo.
À medida que a criança continua a aceitar a realidade dessa cosmovisão, continua a colecionar endereços – "Tenho seis anos", "Meu nome é Brown, como o de meu pai, é porque meus pais' são divorciados", "Sou presbiteriano", "Sou americano", e, quem sabe, "Estou na classe especial dos meninos inteligentes, porque meu Q.I. é 130". Os horizontes do mundo, da maneira como os adultos o definem, são determinados pelas coordenadas de cartógrafos remotos. A criança pode exibir identificações alternadas ao se apresentar como pai ao brincar de casinha, como um cacique indígena ou como
Davy Crockett, mas não deixará de saber em nenhum momento que está apenas brincando e que os