canto VI

1385 palavras 6 páginas
Jacob serviu Labão durante sete anos para obter Raquel, que amava, como prémio desse trabalho. Enquanto os dias passavam vagarosamente, o sofrido pastor tinha só o sustento da visão da amada, com a esperança de a alcançar no futuro. Contudo, quando acabou esse longo período, Labão decidiu que Jacob recebesse Lia, outra filha, e não Raquel, tal como era o seu desejo.

Jacob não ficou desiludido e começou a servir Labão durante mais sete anos. As palavras finais do soneto, pronunciadas pela própria personagem emotivamente em estilo directo, manifestam o ânimo firme de Jacob, que exprime que estaria disposto a servir Labão ainda mais tempo para conseguir Raquel.

Sete anos de pastor Jacob servia apresenta, embora só em aparência, um estilo primacialmente descomplicado, sendo esta se calhar uma das causas principais da sua dilatada fama. É evidente que na configuração verbal do texto predomina, pelo menos no plano mais superficial, uma certa tendência à nudez retórica (Dasilva, 2001: 149). Isto faz com que o poema seja inteligível sem esforço para o leitor, que pode apreciar em seguida a mensagem terna que transmite a constância amorosa de Jacob. Veja-se, como amostra, a seguinte opinião de Agostinho de Campos, que insiste na candura verbal da composição:
Este soneto, quase todo narrativo, escrito em linguagem onde não se mistura uma só palavra culta e rara, e fechado com uma bela antítese que parece literata, mas encontra correspondências numerosas em tantas quadras nossas populares, é um drama do povo, e também para o povo, embora os cultos o admirem e devam admirar tecnicamente. O moço minhoto, aldeão e analfabeto, que tenha pensado em emigrar para longe, com a esperança de voltar ao fim de anos e casar-se com a rapariga que ama, filha do lavrador mais rico da terrinha, chorará com certeza, se ouvir ler esses versos, porque os pode compreender e sentir de ponta a ponta. (Camões, 1926: 232-233)

É necessário apontar, no entanto, que a excelência amorosa

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