Camões
Alma minha gen4l, que te par4ste tão cedo desta vida descontente, repousa lá no Céu eternamente, e viva eu cá na terra sempre triste. Se lá no assento etéreo, onde subiste, memória desta vida se consente, não te esqueças daquele amor ardente que já nos olhos meus tão puro viste. E se vires que pode merecer‐te algüa cousa a dor que me ficou da mágoa, sem remédio, de perder‐te, roga a Deus, que teus anos encurtou, que tão cedo de cá me leve a ver te, quão cedo de meus olhos te levou.
O viandante sobre o Mar de Névoa de Caspar David Friedrich
A morte da mulher amada provoca uma tristeza imensa no sujeito poé4co que deseja que ela descanse em paz no céu.
Situação trágica, uma vez que esta morte foi precoce, deixando o sujeito poé4co em puro sofrimento.
Alma minha gen4l, que te par4ste tão cedo desta vida descontente, repousa lá no Céu eternamente,
Apelo do sujeito poé4co para que a sua amada não se e viva eu cá na terra sempre triste. esqueça do amor que ele nutre por ela. Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Contraste entre o amor carnal e espiritual que, no fundo, memória desta vida se consente, se complementam. O “amor ardente” (carnal) que ele não te esqueças daquele amor ardente sente por ela também se revela “puro” (espiritual). que já nos olhos meus tão puro viste. Referência à ”dor” e “mágoa” que ele sente por esta
E se vires que pode merecer‐te perda. algüa cousa a dor que me ficou da mágoa, sem remédio, de perder‐te,
Pedido desesperado do sujeito poé4co para que a sua amada interceda junto de Deus, a fim de que Este o leve roga a Deus, que teus anos encurtou, desta vida, de modo a que ele a possa reencontrar. que tão cedo de cá me leve a ver te, quão cedo de meus olhos te levou. A mulher amada como pertença do “Céu” (mundo espiritual/inteligível) e o sujeito poé4co como símbolo da “terra” (mundo