Campo e Arquitetura
“Tudo o que é político é biopolítico. O conceito de “autonomia do político” é, conseqüentemente, ideologia pérfida e mórbida. No pósmoderno, sua impotência (ineficácia) é total.”
Antonio Negri
Na década de 30, enquanto assistia o florescimento de movimentos culturais de vanguarda, como o Surrealismo na França, a Europa não tinha consciência do que estava por vir. Hitler destruiu países inteiros como a
Polônia, sitiou e invadiu cidades como Paris e Amsterdã. Em nome da superioridade da raça ariana, dizimou milhares de pessoas de “origem impura”, como deficientes físicos e mentais, ciganos, gays e judeus, sendo esse último, o extermínio o mais conhecido e divulgado.
Giorgio Agamben1 descreve o desenvolvimento da biopolítica moderna, nos mostrando como começou e até que ponto hoje chega a relação de manipulação do poder soberano com o vínculo oculto que mantém com a vida natural, não politizada: o Homo Sacer, aquele ser humano que pode ser morto impunemente por não ter gestão sobre o direito de preservação da própria vida, é a chave deste vínculo.
Agamben2 descreve como o Reich Nacional-Socialista inaugurou a era da biopolítica moderna, integrando, com seu programa que purificação da
“superior” raça ariana, a política com medicina. Através da gestão calculista da vida, o Reich descolou a política do humanitário. A decisão de tutela e preservação da vida tornou-se parte de um processo mais complexo e ambíguo do que o existia até então: assumindo uma postura de preservação e cuidados com o “corpo biológico da nação”, Hitler e seus aliados distorceram para seus próprios fins os conceitos científicos relacionados à genética. Considerando que a herança biológica é um destino, os cientistas do Reich justificavam que com a solução final eles seriam os senhores deste destino e tornou a polícia um agente executivo dentro da ordem política. Para eles, a tutela da vida é também a luta contra o inimigo.
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AGAMBEN, Giorgio. Homo