Camillo Boito
Arquiteto, restaurador, crítico, historiador, professor e teórico, teve papel fundamental na transformação de uma nova cultura arquitetônica na Itália. Sua contribuição para área da arquitetura e restauração foi considerada numa posição entre Viollet Le Duc e Ruskin. Em 1849 ingressou na Academia de Belas Artes de Veneza, onde começou sua formação como arquiteto. Em seus primeiros estudos adotou o estilo neoclássico como tendência arquitetônica, como já era de característica na Academia. Mas quando conheceu o mestre Pietro Selvático (1803-1880), empenhou-se no estudo da arquitetura italiana da Idade Média, que apontava o Gótico como a expressão artística do povo taliano.
Boito estava inserido em uma situação sociocultural que buscava a unificação das províncias italianas e reconhecia a arquitetura medieval como identidade nacional. Ao longo deste período, Ruskin, teórico conservador, que defendia a não restauração dos monumentos antigos, visitava a cidade de Veneza e mantinha contato profissional com o mestre Selvático, cujos argumentos apontavam o Gótico como a expressão artística do povo italiano, e Viollet Le Duc, uma personalidade de grande valor no estudo dos conhecimentos da arquitetura medieval, adotava o método de analogia em seus projetos de intervenção e restauração, reproduzia o que faltava nos edifícios com peças fiéis, do próprio edifício ou de construções semelhantes da mesma região. Com isso, foi apenas questão de tempo para as construções de Boito serem influenciadas pelos princípios destes três homens.
Após sua formatura, Camillo Boito iniciou uma série de viagens ao longo da Itália para continuar seus estudos sobre a arquitetura medieval. Em 1858 foi encarregado da restauração da Basílica dos Santos Maria e Donato (Figura 1), na cidade de Munaro, levando em conta a arquitetura do passado. Deste modo, defendeu a preservação da pátina e a demolição dos elementos acrescentados ao longo do tempo, que destoava do estilo original da