café
ENTRE CAFÉ E ABASTECIMENTO NO SUL DE MINAS
(1880-1920)1
Alexandre Macchione Saes2
Fábio Francisco de Almeida Castilho3
A economia cafeeira brasileira dos oitocentos pode ser historicamente dividida em dois períodos: um primeiro cujos contornos se estabelecem entre as décadas de 1860 e 1880 e, um segundo, que se beneficiará das transformações econômicas e sociais do Brasil de fins do século XIX, cuja expansão é mais destacada a partir de 18804. Personificada na dicotomia entre uma cafeicultura escravista do Vale do
Paraíba e aquela cultura localizada no Oeste Paulista, considerada mais moderna, produtiva e beneficiada do processo de imigração, esta diferença temporal de aproximadamente vinte anos foi suficiente para construir trajetórias econômicas bastantes distintas.
A Província de Minas Gerais, por seu turno, também desenvolveria duas regiões produtoras de café que reproduziriam a mesma dicotomia das áreas de produção do Rio de Janeiro e de São Paulo5: uma região produtora, extensão da produção fluminense, que alcançaria a Zona da Mata nos primórdios da introdução da cultura no país, se valendo amplamente do trabalho escravo e do circuito mercantil carioca. E, de outro lado, a região do Sul de Minas, em que a produção de café somente começaria a apresentar alguma relevância durante a década de 1880, alcançando cerca de trinta por cento da produção do Estado durante as primeiras décadas do século XX.
O presente artigo pretende avaliar a expansão da produção de café no Sul de Minas, região cuja disseminação da atividade de exportação se firmou em território marcado pelo comércio de abastecimento. Neste sentido, a chegada do café gerou um processo de rearticulação dos municípios sulmineiros, não somente com seus mercados externos, como também com atividades produtivas internas. A
1
2
3
4
5
Esta pesquisa contou com apoio da FAPESP.
Cientista Social, Doutor em Desenvolvimento Econômico pela Universidade