Burocracia
Prestes Motta, um estudioso das obras de Weber e de Marx, procurou esclarecer como a relação do sistema de produção capitalista com os elementos da infraestrutura pode formar a burocracia. A ligação advém de um processo de racionalização, provocada por condições específicas da produção. Prestes Motta (1981, p. 7) afirma que a "burocracia é uma estrutura social na qual a direção das atividades coletivas fica a cargo de um aparelho impessoal hierarquicamente organizado, que deve agir segundo critérios impessoais e métodos racionais".
A burocracia nasce das relações de produção, consolida-se no Estado como forma organizada de controle social e amplia-se com as organizações de modo geral. Assim, a sociedade moderna tornou-se uma "sociedade de organizações burocráticas submetidas a uma grande organização burocrática que é o Estado" (MOTTA, 1981, p. 8). Adotando-se as orientações de Weber e Marx, segundo Prestes Motta (1981, p. 8-9), a burocracia apresenta algumas características. Mantém-se um estado de segurança e conformismo em troca do trabalho assalariado de boa parte das pessoas. As pessoas participam de grandes organizações impessoais e a vida em comunidade perde sentido. O próprio trabalho perde significação intrínseca nas organizações burocráticas. As necessidades das pessoas são manipuladas por meio das relações entre produção e consumo, orientando a vida das pessoas. Com isso, o comportamento passa a ser disciplinado e caracterizado como irresponsabilidade social, caso o comportamento padrão não seja seguido.
Na esfera política, a participação das pessoas perde sentido, sobretudo, porque as pessoas não participam de fato das decisões relevantes. É fortalecida a aparência de que a democracia é efetivamente o regime político dominante. Isso ocorre por meio dos partidos políticos e sindicatos, vistos como organizações burocráticas que criam a falsa sensação de participação democrática nas decisões políticas da sociedade.
As análises de