BUCHMANN
PARTE I - O PROBLEMA.
“Ainda que o país seja tão esquisito, o sol nos ilumina do lado norte, ainda que a lua fique ao avesso e sejam completamente outras as estrelas do firmamento, ainda que estejamos de um dia e uma noite de viagem de trem da mais selvagem das tribos indígenas do globo terrestre, apesar da vastidão do oceano e milhares de distância de nossa pátria, sempre me parece, bem como aos companheiros, que nos encontramos na Galícia, entre os nossos. Perguntamo-nos: será este, efetivamente, o Brasil? Será que estamos tão longe de Cracóvia?” (p. 10)
“Com este trabalho, também queremos ressaltar a importância de se buscar, em suas raízes históricas, o conhecimento da cultura e da ideologia dos muitos grupos étnico-culturais que fizeram este país, através da análise das suas representações sociais e dos seus comportamentos mediatos e imediatos. É importante delinear-lhes a identidade interna e suas diferenças em relação aos muitos outros grupos e segmentos sociais que compõem a nação brasileira. Tal como procedimento nos permitiria ir adquirindo, aos poucos, um conhecimento mais amplo daquilo que poderíamos chamar de “Psicologia do povo brasileiro”, pois é exatamente essa diversidade étnica, regional e de classes sociais que constitui nossa identidade cultural onde muitos dos traços positivos foram tantas vezes dissociados por revezes históricos e o conhecimento dessa complexidade de traços e comportamentos reais, substituídos por estereótipos que estigmatizam o nosso povo.” (p. 16)
“Partimos, então, para o estudo da identidade cultural do grupo, que deveria então ser abordada, retomando-se, entre outros, os dados dos historiadores sobre o processo de aculturação, entendido como uma relação vivida num contexto social mais amplo do que especificamente a colônia: de um lado as dificuldades econômico-burocráticas enfrentadas pelos imigrantes desde a saída da