gosto
Um romance centrado na história de um homem, Félix Ventura, e de uma osga que vive na casa deste mas que já foi homem noutra encarnação. Félix Ventura constrói passados para pessoas que estejam interessadas em arranjar um passado interessante (o próprio e o dos seus antepassados), ou porque lhes convém, dado o seu destaque público, terem um passado a condizer e do qual se possam orgulhar, ou porque tiveram um passado tão pobre que o querem mudar para outro com o qual se sintam melhor. Uma ideia original que representa uma sátira à sociedade angolana, mas que se ajusta perfeitamente a outras sociedades, onde muitas pessoas, se pudessem, renegariam o seu passado em troca de outro.
O romance está assente em muitos pequenos capítulos, intercalando a acção natural do romance com sonhos de Félix Ventura e da osga, em que esta recorda o seu passado como ser humano e onde também estabelece diálogos com Félix Ventura e outros personagens.
Félix é um homem só, fisicamente repulsivo para as mulheres e mergulhado nos seus livros e no seu trabalho, tendo apenas a osga como companhia. Um dia aparece-lhe um cliente fora do habitual. Além de querer que Félix lhe arranje um novo passado, quer também mudar de identidade e adquirir documentos que comprovem essa nova identidade, serviço que Fénix executa com alguma renitência. José Buchmann passa a ser a identidade desse seu novo cliente, que, não satisfeito ainda com o que Félix lhe inventou, quer saber mais detalhes sobre a sua vida passada, tornando-se tão obcecado com isso, que vai aos sítios onde Félix diz que estiveram o seu pai e a sua mãe para procurar provas desse seu novo passado, e começa a comprovar alguns dos factos que tinham sido inventados. A ficção começa a misturar-se com a realidade, e José Buchmann passa a ser mesmo José Buchmann, e não quem era anteriormente.
Mas outros personagens, Ângela Lúcia, primeira mulher que se interessa realmente por Félix Ventura, e Edmundo Barata dos Reis, antigo