Brasil
Paulo Herôncio de Medeiros[1]
Cristina Danna Steuck[2]
Resumo:
Pautando-se nos pressupostos dos descolamentos migratórios, que buscam na dinâmica sócio-econômica novas perspectivas de vida, revelou-se, neste artigo, uma investigação sobre a migração e a cultura nordestina na cidade de Blumenau – SC. Os migrantes nordestinos que aqui chegaram, criaram, nesse novo espaço geográfico, mecanismos para perpetuarem sua cultura e reconhecerem-se através de suas identidades culturais, promovendo a cultura nordestina, com a criação da Associação dos Nordestinos de Blumenau. Esta associação reúne em torno de si personagens que foram e são frutos dos processos migratórios, condensando elementos culturais que representam os valores e sentimentos de se pertencer a um grupo regional, expressando e recuperando os valores autênticos da “nordestinidade” dos que vivem em Blumenau.
Palavras-chave: Identidade cultural. Migração. Associação de Nordestinos de Blumenau.
1. INTRODUÇÃO
Até meados do século XX, a história tradicionalmente explicava os fatos históricos sob olhares meramente economicistas e/ou políticos, gerando assim, determinismos como únicas vertentes possíveis de explicação. Com a Escola dos Annales[3], os fatos históricos passaram por “mutações”, surgindo novas abordagens e problematizações, tanto na dimensão do documento, quanto no aporte epistemológico.
A multiplicidade do enfoque sobre a ação humana no tempo possibilitou à oficina do historiador desenvolver instrumentos teóricos para trabalhar desde o mental até o conflito social. Nesse sentido, Hebe Castro (1997) ressalta a importância da História Social para a historiografia contemporânea ao favorecer diferentes enfoques metodológicos, tendo como principal objeto de estudo, a ação política coletiva e sua relação com contextos sociais singulares no tempo. A referida autora também mostra que a História Cultural se estrutura na