Brasil: mito fundador e sociedade autoritária”, de marilena chauí
Em uma primeira parte, “Com fé e orgulho”, Marilena Chauí expõe as idéias que vão ser analisadas no livro e esclarece o que se quer dizer com mito fundador: mito não só no sentido etimológico, de narração de acontecimentos lendários, mas também no sentido antropológico, de solução imaginária para tensões; fundador por trazer um vínculo com um passado de origem, do qual não há nunca desvinculação.
Em “A nação como semióforo” (signo indicativo de algo não-material, simbólico), a autora discute o conceito de nação enquanto construção histórica e ideológica bastante recente, obtendo o significado que lhe atribuímos hoje somente por volta de 1830. Para tanto, Marilena Chauí analisa a história do uso de 2 termos: nação (inicialmente um conceito “biológico”, indicando tão somente pessoas que vivem num mesmo local) e pátria (termo usado antes de nação enquanto Estado-nação, muito ligado a figura de um chefe – pater – e à idéia de patrimônio, mas que, a partir do século XVIII, com as revoluções burguesas, passa a designar o território onde o povo está organizado em um Estado independente). Para dar unidade à divisão econômica, social e política surge a idéia de nação, com o objetivo de resolver 3 problemas: as lutas populares socialistas, a resistência dos grupos tradicionais à ameaça da modernidade e o surgimento de uma classe intermediária, a pequena burguesia. Não é à toa que a idéia de nação surge com força no momento em que a divisão social e econômica das