Brasil do imperio a republica
História das Relações Internacionais Contemporâneas dã SOCit3dade internacional dO SéCUIo XIX à era da globalização
José Flávio Sombra Saraiva
(Org.)
2ª edição revista e atualizada
INSTITIJT0 BItASlLEIR0 DE
ItEIAÇÕES IMERNAC0NAIS
anos de mudanças intensas nos equilíbrios estratégicos construídos durante a era nuclear, confirmando esse período como a verdadeira fase final de um “breve sé- culo XX”, que teria começado com os canhões de agosto de 1914 para encerrar-se, menos de 80 anos depois, com a queda do Muro de Berlim, em outubro de 1989, e o desmantelamento da União Soviética, em dezembro de 1991.
Segundo o historiador Eric Hobsbawm, o breve século XX teria se concluído nesse episódio melancólico, sucedendo ao “longo século XIX” que, entre 1815 e 1914, tinha sido caracterizado por uma situação de relativa paz européia e assistido, sob a hegemonia da libra esterlina e do padrão ouro, à segunda onda da globalização capitalista. Um “tecnocrata” cristão, como o ex-diretor gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), parece concordar com o marxista Hobsbawm, pois que Michel Camdessus chegou a considerar a insolvência tem- porária do México como a primeira crise financeira do século XXI. De fato, os anos 1990 foram agitados por grandes turbulências financeiras que, começando pelo México, em 1994-1995, e se espraiando em 1997 pela Ásia Oriental, viriam atingir a Rússia e o Brasil, entre 1998 e 1999.
A “grande transformação” a que o mundo assistiu nessas duas décadas — para retomar o conceito de maior amplitude histórica introduzido por Karl Polanyi
— possui, portanto, tanto componentes de ordem económica como fatores de na- tureza política, sem que se possam separar os fatores contingentes, ou acidentais, daqueles elementos mais estruturais que, no plano internacional, determinaram algumas das mudanças mais significativas desse período. O império