boiada
Prof. Dr. Fadel David Antonio Filho IGCE- UNESP - Campus de Rio Claro - SP
A primeira parte de ´Os Sertões´, considerada por muitos como a mais insípida,mas que para o geógrafo é muito estimulante - é de caráter eminentementegeográfico, mais precisamente de geografia física - é também a menor das trêspartes que compõe a obra “Os Sertões” (na edição analisada compunha-sede apenas 44 páginas).
Euclides daCunha inicia sua descrição da terra brasileira dando um amplo panorama dosaspectos geográficos e geológicos do Brasil. Descreve as formações orológicase geológicas a partir das grandes linhas mestras do relevo brasileiro, comdetalhes, salientando os aspectos mais importantes, como a Serra do Mar, daMantiqueira, o Planalto Ocidental Paulista, o Planalto Central. E sua descriçãovai se deslocando para o sertão da Bahia, quando então começa a estabeleceras particularidades do relevo e da geologia da área sertaneja, em especial aregião de Monte Santo e o sertão de Canudos - que destaca num subtítulochamando-o de ´Terra Ignota´ - abrangendo e balizando seuspontos limites, que corresponde a partir de Monte Santo, ao sul, até as margensdo São Francisco, ao norte.
Nestetrecho, podemos medir a percepção do autor, ao narrar a sensação sentidapelo viajante dessas paragens, o que comprovamos in loco. Escreve Euclides(p.19): ´(...)o viajante mais rápido tem a sensação da imobilidade. Patenteiam-se-lhe,uniformes, os mesmos quadros, num horizonte invariável que se afasta à medidaque ele avança.´ A descriçãoda paisagem de Monte Santo e o deslocamento das observações para o vale doVaza-Barris até atingir o sítio de Canudos, é detalhada. Neste trecho danarrativa, Euclides traça em poucas linhas a sua opinião sobre a gênese dosertão nordestino, em particular a área determinada no interior baiano,relacionando-a com a teoria do mar interior, de formação