Boas e Malinowski
Boas e Malinowski
Havia, dentro da etnografia, a divisão das tarefas entre o observador, submetido ao papel secundário de fornecedor de informações, e o pesquisador erudito, responsável por interpretar e analisar essas informações. Porém, no século XX, houve o fim da repartição destas tarefas, fazendo com que o pesquisador deixasse de lado suas atividades consideradas nobres e passasse a ver o observador não apenas como um fornecedor de informações, mas sim como um mestre. O pesquisador, que ate então obtinha informações através de terceiros, passa a viver entre e como os seus mestres, tento, assim, uma observação direta da sua pesquisa. Somente quando essa revolução acontece é que a etnografia propriamente dita começa a existir, tornando-se, pela primeira vez, uma atividade “ao vivo”, como afirma Malinowski.
Esse novo modo de trabalhar estimulou a abordagem da nova geração de etnólogos e é considerado como a própria fonte de pesquisa. Dentre todos os esses pesquisadores, apenas dois serão o foco deste trabalho: Franz Boas e Bronislaw Malinowski.
Boas (1858-1942)
Boas era considerado, acima de qualquer outra coisa, um homem do campo; suas pesquisas eram voltadas à natureza das interações sociais humanas cotidianas e, no campo, para ele, tudo deveria ser anotado da forma mais detalhada e meticulosa possível, independentemente do que fosse.
Por outro lado, as sociedades adquirem o caráter de totalidade autônoma, coisa que, antes dele, não acontecia realmente. Boas, sendo o primeiro a desenvolver, com ajuda de seus colaboradores, a crítica mais eficiente sobre as noções de origem e de reconstituição dos estágios, alega que um costume só tem valor se for associado ao contexto a qual se encontra.
Ao contrario de Montesquieu e Morgan, Boas determina que para compreender esse contexto em que o costume se encontra é necessário não confiar mais nos investigadores e nem nos que nele confiam, pois, para ele, apenas um antropólogo