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AS EMPRESAS FAMILIARES NO BRASIL
J. Sérgio R. C. Gonçalves
A partir do momento em que Schumpeter, reconhecendo que o progresso econômico se transformava em atividade de grupos de especialistas e admitindo também que o próprio progresso técnico passava a ser cada vez mais um processo coletivo e, portanto, despersonalizado, estavam, desde então, criadas as bases para a elaboração do que pode ser identificado como “teoria clássica das organizações empresariais”. Isso terá também estimulado Peter Drucker a propor a substituição do magnata pelos técnicos e administradores profissionais como comandantes da empresa privada. A partir desse momento, porque, conseqüência da teoria que se elaborou, a empresa familiar recebeu um estigma que iria marcá-la pelas décadas seguintes: o estigma da incompetência pressuposta. Schumpeter imaginou a unidade industrial gigantesca, perfeitamente burocratizada, não deixando espaço para as pequenas e médias empresas, expropriando os seus proprietários e caminhando para reduzir o empresário à condição de assalariado. Peter Drucker, na me-
© 2000, RAE - Revista de Administração de Empresas / EAESP / FGV, São Paulo, Brasil.
dida em que a burocracia competente se identifica com a organização moderna, segue nessa mesma linha, percebendo nos executivos profissionais, que nascem com essa mesma organização, os novos líderes, exercendo uma liderança que se baseia na competência; eles são os especialistas e os administradores profissionais. A essa competência opõe-se, inevitavelmente, a incompetência dos empresários e suas empresas familiares, identificável especialmente nos pontos seguintes: a) a empresa familiar permite-se uma organização informal, confusa e incompleta; b) ela adota como valor básico a confiança pessoal, em prejuízo da competência, tornando-se incapaz de contar com técnicos e especialistas de gabarito; c) ela pratica o nepotismo sob diversas formas, impossibilitando definitivamente a profissionalização; d)