Blabla
Roberto Cavalcanti de Albuquerque
Diretor técnico do Instituto Nacional de Altos Estudos, Inae-Fórum Nacional
Versão Preliminar
Recife/Rio de Janeiro, 1999
I. MORTES ANUNCIADAS
A literatura econômica, social e política deste final de século tem, com inusitada freqüência, revelado inquietadoras inclinações apocalípticas.
O término da história e o ocaso das ideologias, o fim do emprego e o adeus ao movimento sindical, o crepúsculo do nacionalismo e o declínio dos estados estão entre as mortes mais recorrentemente anunciadas.
Há boa dose de exagero nessas sombrias previsões. Não sendo, porém, sensato vinculá-las a surpreendente revivescência da mística milenarista, conviria, em primeiro lugar, considerá-las visões hiperbólicas – com forte apelo publicitário – de questões relevantes e atuais. Reconhecer sua dramatização não significa que se deva ignorá-las. E, em segundo lugar, examinar em que medida elas estão associadas ao fenômeno, mais do que econômico, globalização.
1. O término da História e o ocaso das ideologias
No final da década passada, FUKUYAMA (1989) despertou muita controvérsia ao apontar a vitória mundial do liberalismo como “o ponto final da evolução ideológica da humanidade”, legitimando a “forma final de governo humano” e, portanto, determinando o “fim da história”. Anos depois, precisou que sua profecia nunca anunciara o fim do mero acontecer, inclusive de grandes e graves eventos. Indicara, sim, o término da História, compreendida como “um processo evolutivo único, coerente”, conduzido, de um lado, pela lógica da ciência moderna ditando “uma evolução universal em direção ao capitalismo”, prestes a ser alcançada; e, do outro, pela ampla satisfação do desejo de reconhecimento das pessoas como seres humanos, que já viria sendo propiciada pela democracia liberal (FUKUYAMA, 1992).[1]
A débâcle da União Soviética (1991) acabou de confundir – sem