Bion e a clínica tavistock
Wilfred Ruprecht Bion: UM POUCO DA BIOGRAFIA
Os dados de sua vida provêm dos registro autobiográficos contidos na trilogia Uma memória do futuro, onde em três volumes (O sonho, 1975; O passado apresentado, 1977; e A aurora do esquecimento, 1979) relata passagens que contribuíram com o homem e o profissional Bion que, segundo Zimerman (1995), "carregou a vida (bio) incrustada em seu próprio nome".
Bion nasceu na cidade de Mutra, na Índia, em 1897. Filho de pais ingleses, o pai, na condição de engenheiro, prestava serviços para o governo indiano. Tinha uma irmã mais nova, Edna, e ambos foram criados por uma babá indiana, que acabou por exercer significativa influência em sua obra. A cultura indiana ficou impressa no seu inconsciente de modo que em sua produção científica dos anos 70, a natureza místico-religiosa se faz presente e o misticismo oriental.
Aos oito anos, foi para a Inglaterra estudar e morou sozinho, no internato, recebendo esporadicamente a visita dos pais. O sofrimento da separação, o regime repressor e rígido da escola, a discriminação dos colegas e a culpa imposta pela igreja à masturbação, muito atormentaram Bion e contribuíram com sua solidão. Voltou a integrar-se com os colegas quando tornou-se capitão de equipes desportivas e conquistou as primeiras colocações em sua atividade estudantil.
Sonhava em se tornar um desportista internacional em Oxford ou Cambridge. Tentou bolsas de estudo, mas "seus conhecimentos não estavam à altura de seus desejos" (Bléandonu, 1993).
Ao finalizar os estudos, aos 17 anos, e retornar para a casa dos pais, sentia-se frustrado, mas o desejo de ser livre imperou. A I Grande Guerra começou. Bion apresentou-se voluntariamente e foi recusado. Nova frustração: "O pai lhe deixou claro que não entendia como seu filho não pudera se fazer aceito por uma nação em guerra" (idem).
Bion foi em busca de um pistolão e