Biografia

Começarei a descrever as meticulosidades mais bárbaras do meu dia a dia. Incrivelmente, ainda não alcancei a maior idade, sendo assim, sinto-me um tanto quanto criança. Vivo em uma casa grande, com mais quatro pessoas, das quais fazem parte da minha família. O veterano é o meu avô, que é – de longe – o mais sábio da casa, se expressa cuidadosamente, e tem ideias que são de acordo com seus mitos, apesar de só ter estudado até os doze anos. A atacante – apelido dado sem que ela saiba – é a minha mãe, não que eu tenha uma mãe como a Marta, mas saber driblar as situações, e no final sempre se dar bem, é com ela mesma. Já aquela faz-tudo, encrenqueira, carrancuda, é a minha outra mãe, irmã da minha mãe biológica, ou seja, uma espécie de tia-madrinha-mãe. E por falar em confusão de graus familiares, tenho um irmão, o mais chato que Deus poderia me dar, o mais bobo e sem graça. Pois bem, citei superficialmente cada um dos membros da minha primeira família, porque ao longo da minha vida, descobri que tenho inúmeras outras, e ainda quero me certificar se haverão mais. A minha vida tinha menos conflitos enquanto eu estava no ventre da minha mãe, creio eu. Uma infância dentro dos eixos Quando eu cursava o ensino fundamental I, eram mil maravilhas. Ia ao colégio todos os dias à tarde, prestava mais atenção na aula de que em piadas sem graça. E antes mesmo de todos da sala saberem o significado da palavra gari, eu juntei minhas experiências de passageira de transportes públicos, e respondi na lata à professora: “coletores de lixo”. Assim que aprendi a ler, cada lugar em que eu e minha mãe passávamos, eu observava as palavras atentamente. Aos sábados, ia para a igreja, junto com uma vizinha, frequentava a catequese, mesmo sendo nova para a conclusão de tal. As minhas diversões caseiras eram de dar gosto para qualquer mãe, eu curtia brincar de ditado, enquanto a minha mãe lavava as louças e falava para mim, eu escrevia todas as palavras no meu caderninho. Depois ela sentava