Biografia luiz gonzaga
Marcos Cirano - São 50 anos de carreira. E aí?
Luiz Gonzaga - Eu acho que corri, corri, corri e acabei parando em casa.
MC - A partir de quando, mesmo, não deu mais para o senhor segurar a sanfona?
LG - Eu vinha tocando, porque ela sempre foi o meu apoio e eu sempre gostei. Porque eu criei um estilo. Mas, além desses problemas que eu sofri,me apareceu uma doença na coluna, as viagens muito prolongadas, horas e horas viajando de automóvel.
MC - O senhor lembra qual foi o último show em que o senhor tocou?
LG - Não, eu não gosto de lembrar. Porque, só de lembrar, eu sinto dor. (Gonzagão baixa a cabeça, faz cara de choro e fica alguns instantes em silêncio).
MC - E beber?
LG - Beberiquei algumas besteirinhas. Adorava uma cerveja lascada. (Dirigindo-se ao fotógrafo Pedro Luiz ( coloca um dos meninos ), Gonzagão pergunta): Você é de onde?
PL - João Pessoa.
LG - Tinha que ser! Com essa cabeça de cangaceiro.
O PASQUIM – O negócio do chapéu de couro e tudo mais. Como é que você criou a imagem ?
LG- Isso é muito importante. Naquela época eu percebia que todo o cantor regional, todo o cantor estrangeiro tinha uma característica própria. Eu digo: porque é que o nordeste não tem a sua característica? Eu tenho que criar um troço. Só pode ser Lampião. Eu digo: eu vou usar o chapéu de Lampião. Aí escrevi para a mamãe pedindo um chapéu de cangaceiro com toda urgência. No primeiro portador que ela teve, ela mandou o chapéu.
Rapaz, quando eu botei o pé no palco só faltaram me matar de raiva. Como é que um artista fabuloso se passa por um negócio desse ? Reviver o cangaço, cangaceiros, fascínoras, ladrões, saqueadores? Eu disse: não se trata disso. É outra coisa. Eu agora sou um cangaceiro musical. Aí eu