bioetica clinica
Cláudio Fortes Garcia Lorenzo
Resumo O artigo analisa os desafios para a construção de uma bioética clínica com possibilidade de atuação em contextos interculturais e/ou interétnicos, tomando como objeto as relações estabelecidas entre profissionais de saúde e pacientes membros das comunidades indígenas em torno da implantação da Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas. No plano teórico são propostas duas vias para esta construção: uma de conteúdo antropológico centrada em noções fundamentais de Antropologia da Saúde; outra de filosofia moral centrada na teoria da ação comunicativa e na ética da discussão de Habermas. No plano prático, são propostos cursos de especialização contemplando os conteúdos teóricos defendidos e uma urgente reforma curricular dos cursos de graduação na área da saúde.
Palavras-chave: Bioética. Saúde indígena. Antropologia. Política de saúde. Cultura.
Cláudio Fortes Garcia Lorenzo
Médico e mestre em Medicina e
Saúde pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), doutor em Ética
Aplicada às Ciências Clínicas pela
Universidade de Sherbrooke,
Canadá, professor adjunto do
Departamento de Saúde Coletiva e do programa de pós-graduação em Bioética da Universidade de
Brasília (UnB), pesquisador associado da Cátedra Unesco de
Bioética, primeiro vice-presidente da Sociedade Brasileira de Bioética
(gestão 2009-11)
A bioética clínica foi criada na perspectiva de uma ética biomédica que pretendia ultrapassar os limites da deontologia e do paternalismo hipocrático tradicional nas relações interpessoais estabelecidas entre profissionais de saúde e seus pacientes. As exigências para a ultrapassagem desses limites foram estabelecidas, por um lado, pelos conflitos éticos inéditos provocados por novas biotecnologias, tais como reprodução assistida e manipulação gênica – para os quais códigos de conduta e