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Durante as décadas de 50 e 60, algumas das primeiras controvérsias públicas que antecederam o surgimento da bioética diziam respeito aos recém-nascidos portadores de má-formação grave, à manutenção de respiradores artificiais como suporte da vida em pessoas em estado de coma, à reanimação de pacientes com doenças graves ou de prognóstico incerto, além da dramática polêmica surgida a partir da invenção do shunt arteriovenoso pelo dr.
Belding Scribner e do advento da máquina de hemodiálise 3-5.
Questionava-se, na ocasião, se todos os recursos deviam ou não ser investidos para salvar os recém-nascidos, se o respirador artificial deveria ser mantido em todos os pacientes, a quem caberia a decisão de reanimar ou não esses pacientes em caso de parada cardíaca e quais os doentes renais crônicos que seriam ou não beneficiados com a nova tecnologia. Em 1962, com a criação do primeiro programa de hemodiálise na cidade de Seattle, em Washington, a tarefa de decidir quem seria inserido no mesmo gerou grande controvérsia na sociedade americana.
Como o número de doentes renais era superior à capacidade de atendimento, o primeiro dilema enfrentado foi estabelecer oscritérios para selecionar as pessoas que receberiam o tratamento salvador da vida 4,5.
Diante do impasse, a solução foi criar um comitê para determinar os critérios de escolha6.
Tal episódio foi considerado um divisor de águas entre o antigo legado da ética de inspiração hipocrática e aquela orientada pela bioética, pois, na prática