Biodesign
16/12/2011
Fonte: Jornal de Negócios de Portugal
*Por Leonel Moura, para o Jornal de Negócios de Portugal
O design é uma atividade fundamental na construção da nossa sociedade e na sua projeção no futuro. Na realidade, tudo o que é feito pelo homem tem design. Pode é ser bom ou mau, arcaico ou avançado. E, como em tudo o resto, também neste domínio as mudanças são radicais e velozes. Destaco uma particularmente relevante.
A profunda evolução das ciências da vida - com a revelação da estrutura do ADN por James Watson e Francis Crick (1953), e mais recentemente com o sequenciamento do genoma humano (2001) -, tem originado um novo e muito futurista campo para a prática do design. O da manipulação e fabricação direta da vida. O que põe em causa a própria natureza do humano e prefigura a emergência de uma nova entidade que sendo ainda de base humana já não é "naturalmente" humana. Alguns dirão mesmo que os pós-humanos já existem e vivem entre nós, dada a parafernália de próteses, implantes e transplantes, mas também de extensões tecnológicas, amplificações sensoriais e ubiquidades através de avatares e telepresenças.
Regressa assim em força o debate sobre o eugenismo, do latim "bem-nascido", enquanto aperfeiçoamento de capacidades, erradicação genética de doenças, prolongamento da longevidade. O eugenismo, como ideologia, é sobretudo a expressão de discriminações, racistas, étnicas, sexistas, preconceituosas, recorrendo a métodos de seleção, que promovem os mais aptos, capazes e bonitos, e subsequente marginalizam ou mesmo eliminam os defeituosos, pouco inteligentes e feios. A história é conhecida, desde essa ideia totalmente errada da existência de raças superiores, à grosseira criação de bancos de esperma de gênios, como se um gênio não pudesse ter um filho idiota. Já no século 19, Gregor Mendel, nos estudos sobre a hereditariedade, explicou como isso é perfeitamente possível.
Hoje o eugenismo, no sentido original do