Bienal
O objeto da mostra, com curadoria do venezuelano Luis Pérez-Oramas, é dar a impressão de que nenhum ato discursivo sucede outro completamente. Pelo contrário, ambos se sobrepõem, se distanciam, se assemelham, e assim por diante. Eles se fazem diferentes a partir de fontes semelhantes. Ou semelhantes a partir de fontes diferentes.
A exposição apresenta trabalhos que envolvem artes visuais, imagens e movimento, música, teoria e poesia. A ideia principal é que o público consiga ter uma experiência sensorial, que despertem emoções nunca antes vivenciadas pelo expectador.
O contraste entre imagem e som ocorre em grande parte da exposição. A obra “Silence” de David Moreno apresenta a figuralidade do som e a sonoridade da imagem. Nessa obra, o artista colou várias fotografias de personagens antigos, formando um grande mural e em suas bocas uma corneta de papel amarelo o que deu um efeito interessante de que as fotos pudessem gritar.
Outra obra que trouxe bastante emoção foi a de Tehching Hsieh onde o artista ficou confinado numa cela em seu estúdio e registrou tudo num relógio de ponto e com fotografias, todas as horas do dia. A sensação é que ele está passando por uma sessão de tortura, dessas que agora estão sendo desvendadas em vários países latinos americanos, inclusive no Brasil, após a queda das ditaduras. O relógio de ponto vira uma máquina de tortura.
A obra de Alejandro Cesarco permite ao expectador imaginá-la como desejar e interpretá-la conforme suas experiências. A obra consiste na leitura de um livro por entender que o leitor tem a sua participação, a qual é tão importante como a do autor. O