Bernardo Ramos Azevedo

TRAÇOS DA ANTIGUIDADE NA SELVA: UMA LEITURA DAS
"INSCRIPÇÕES E TRADIÇÕES DA AMÉRICA PRÉHISTÓRICA" DE
BERNARDO RAMOS
Guilherme Dias da Silva
Mestre em História pela UFRGS [e-mail] RESUMO: Este trabalho analisa e discute a obra Inscripções e Tradições da América
Prehistorica, de Bernardo Ramos. Publicada entre 1930-39, propunha, através de larga análise epigráfica de inscrições rupestres no continente americano, provar a ocupação de fenícios e gregos neste, durante a Antiguidade. Esta hipótese escudava-se em trabalhos historiográficos realizados durante o século XIX, e, em seu conjunto, esses trabalhos podem ser compreendidos como uma tentativa de afirmar o valor da pré-história brasileira, associando-a às culturas da Antiguidade ocidental. As Inscripções combinam análise etimológica, baseada no trabalho de H. Onffroy de Thoron, e decifração epigráfica, proposta por Ramos, constituindo um intrincado trabalho de pesquisa, e representam uma interessante vertente das teorias já propostas com relação à identidade cultural do Brasil.
Palavras-chave: Bernardo Ramos, epigrafia, recepção da Antiguidade.
O presente trabalho tem por objetivo analisar a obra Inscripções e Tradições da
América Prehistorica, de Bernardo de Azevedo da Silva Ramos (1858 - 1931).
Publicado entre 1930-1939, pela Imprensa Nacional, este trabalho volumoso (dois tomos, somando mais de 1000 páginas; mais de 2.100 ilustrações) tem como premissa principal provar a ocupação do continente americano, durante a Antiguidade, por fenícios e gregos, sem descartar alguns poucos registros de outros povos.
Nosso foco principal nesta análise será destacar a representatividade deste trabalho como uma tentativa de Ramos de afirmar a importância histórica do Brasil
(principalmente, embora o trabalho de Ramos pretenda abarcar todo o continente) de acordo com um modelo interpretativo de matriz européia, vinculando a antiguidade brasileira à antiguidade do Oriente Médio e da