BERGERperspectivasSociologicasCap1editado
5945 palavras
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A Sociologia como Passatempo
Individual
SÃO POUQUÍSSIMAS AS PIADAS SOBRE SOCIÓLOGOS. ISTO os deixa frustrados, sobretudo se eles se comparam a seus primos mais favorecidos nesse ponto, os psicólogos, que de modo geral passaram a ocupar lugar no humor americano que no passado pertenceu aos clérigos. Se uma pessoa é apresentada como psicólogo numa festa, logo se vê cercada de considerável atenção e alvo de brincadeiras de duvidoso gosto. Nas mesmas circunstâncias, um sociólogo provavelmente não despertara maior reação do que se fosse apresentado como corretor de seguros. Terá de conquistar atenção à força, como todo mundo. Isto é incômodo e injusto, mas também instrutivo. A escassez de piadas sobre sociólogos indica, evidentemente, que eles não ocupam na imaginação popular a mesma importância consignada aos psicólogos. Mas é também provável que indique a existência de uma certa ambiguidade de imagens que deles se fazem.
Quando se pergunta a universitários por que estão estudando sociologia, é comum ouvir “porque gosto de trabalhar com gente”. Perguntando-se a esses estudantes como imaginam que será seu trabalho, depois da faculdade, frequentemente respondem que pretendem atuar no campo da assistência social. Voltaremos a este ponto daqui a pouco. Haverá outras respostas mais vagas e mais gerais, porém todas indicando que o estudante em questão prefere trabalhar com pessoas a trabalhar com coisas. Entre as ocupações mencionadas estarão trabalho com pessoal de empresas, relações humanas na indústria, relações públicas, publicidade, planejamento comunitário ou trabalho religioso como leigo. O pressuposto é que em todas essas atividades seja possível “fazer alguma coisa pelas pessoas”, “ajudar pessoas”, “executar um trabalho que seja útil para a comunidade”. A imagem do sociólogo revelada aqui poderia ser descrita como uma versão secular do ministério protestante liberal, e o cargo de secretário da Associação