Benzedeira
Ela dá o chá e benze o corpo
Benzedeira ajuda crianças e adultos contra quebrante, dor de dente, arca caída, dor na cabeça e cobreiro:
Três pequenos galhos de laranjeira na mão direita e muita fé no coração. Na cabeça, todas as orações que apreendeu quando menina. Há 55 anos dona Maria Valeriana de Sousa, hoje com 75, atende crianças, adultos e velhos para benzê-los contra quebrante, dor de dente, arca caída, dor na cabeça e cobreiro.
É impressionante como essa cuiabana de "chapa e cruz", nascida nas margens do rio Cuiabá, na comunidade de São Gonçalo, se lembra de todas as orações. As palavras deslizam de sua boca de forma nítida mas com uma rapidez que dificilmente alguém consegue acompanhá-las. Também, isso é o que menos importa para quem a procura em busca de socorro.
Dona Valeriana se recorda da primeira benzedura que fez. Tinha apenas 15 anos. Foi em um rapaz que apareceu na casa dela se queixando de um mal estar geral. "Vem aqui, vou fazer uma oração para você", disse ela ao desconhecido. Dois dias depois o rapaz reapareceu para agradecê-la dizendo que estava bem.
A notícia correu pelo bairro, nessa época ela morava na região do Coxipó. Mães começaram a levar filhos com quebrante e dor na barriga e logo a casa de dona Valeriana estava cheia. No bairro Lixeira (rua São Luis), para onde se mudou tempos depois, a procura cresceu ainda mais.
Hoje o vai e vem de pessoas é menor porque a benzedeira não anda bem de saúde. Um problema vascular vem dificultando a locomoção de dona Valeriana, mas ela avisa: enquanto tiver forças para se levantar da cama continuará com suas benzeduras.
Dona Valeriana aprendeu a benzer com o avô. Ele frequentava um terreiro de umbanda, onde ela ia por curiosidade. Ouvia as orações e as vezes se surpreendia repetindo as orações feitas pelo avô.
No CPA IV, I Etapa, localizamos outra bendezeira. Dona Senhorinha Pereira de Amorim tem 54 anos, cinco filhos, dois adotivos, e 9 netos. Aos sete anos Senhorinha