Beleza americana
O cinema como expressão do mundo reificado do Capital
Rúbia Pimentel
RESUMO
A arte enquanto expressão da vida, da realidade e do mundo tem dado contribuições para a filosofia e para ciência como laboratório de reflexão e explicação dos fenômenos e fatos que se apresentam no cotidiano da vida social. É possível que o cinema, a literatura e a música sejam uma das formas filosóficas mais apropriadas como experiência de uma nova forma de refletir o mundo. O cinema, em função do seu "realismo" imagético e midiático, têm cumprido esse papel no mundo da comunicação. É nesta perspectiva que se propõe neste ensaio, fazer uma leitura do filme "Beleza Americana" de Sam Mendes sob a perspectiva da teoria da alienação em Marx.
Palavras-chave: alienação; fetichismo; reificação; marxismo.
O Capital tem a capacidade de fetichizar o mundo social - criando um mundo ilusório e aparente ? capaz de inverter o significado da vida humana e das coisas que resultariam da própria necessidade da vida social. Nela o homem se reifica como trabalho e o Capital se personifica como SER quase onipotente que define a vida social dos homens.
Marx ao desvendar o "mistério" do mundo mercantil capitalista, mostra-nos que ao contrário do que se pode apresentar como algo muito simples na sua aparência, a mercadoria esconde uma complexidade quase mística, comparável ao mundo "nebuloso" da religião. "Aqui, os produtos do cérebro humano parecem dotados de vida própria, figuras autônomas, que mantém relações entre si e com os homens"(MARX, 1979, p. 71). Do mesmo modo em que entidades "sobrenaturais" que fluem da imaginação das pessoas e depois se objetivam através do trabalho humano (amuletos, santinhos, totens etc.) assumindo uma personificação sobre a vida das pessoas, sobre o seu destino, dominando-as, a mercadoria enquanto produto do trabalho humano que também flui da imaginação das pessoas como objetivação da subjetividade do trabalho, assume uma condição não apenas