Beleza Americana filme
A “lente” existencialista vê o homem como um ser paradoxal: possibilidade e finitude. Apesar do limite da existência, apesar de sermos surpreendidos pela finitude, a vida nos pede coragem para viver um universo de possibilidades. A vida nos pede para construir um “jeito” de cuidar de nossa existência. Não temos como nos livrar do cuidar de ser quem a gente é! Temos que fazer escolhas! A liberdade é esta capacidade humana de se posicionar diante delas em um mundo cheio de possibilidades. Porém, esta possibilidade traz a angústia (ambiguidade), pois suas escolhas irão refletir diretamente no que se é, e aí está a responsabilidade de construir seu próprio destino.
Já associando a angústia existencial ao filme Beleza Americana, o homem deixa que o tempo dê conta daquilo que tem de decidir (postura de Lester). Se por um lado a não escolha alivia o angústia, por outro, traz a perda do significado diante da vida. Viver em “repouso”, sem paixões, sem negócios, sem divertimento, sem atividades é insuportável ao homem. Isto é o tédio existencial... quando o homem sente seu nada, seu abandono, sua insuficiência, sua dependência, sua impotência, e seu vazio. Deste modo, o tédio se caracteriza como sendo uma situação em que o homem sofre a dor de ver o tempo passar, sem estar se realizando e ampliando suas possibilidades. Para algumas pessoas o tédio existencial significa ruína, para outros, um aviso que os levará à libertação e ao crescimento. Assim, acontece com Lester, ao se recusar exercer a liberdade da escolha, vive uma vida desestimulante, com um trabalho sem desafios que já não aprecia mais, um casamento “sem-sal”, sem sentimentos, um relacionamento com uma filha adolescente sem se implicar, enfim uma vida sem vida! Uma cena do filme que marca esta situação metaforicamente é a de um saco plástico que voa sem sentido, sem direção apenas se deixando levar pelo vento.
Podemos descrever o ajustamento criativo