Bases 5 Insuficiencia Renal Aguda 1
Luís Yu, Emmanuel Burdmann, Antônio Carlos Seguro, Cláudia Maria de Barros Helou e Roberto Zatz
Introdução
Os rins são essenciais à homeostase, não apenas porque eliminam produtos indesejáveis do metabolismo, como também por manter constantes o volume extracelular (Capítulos 5 e 9), a concentração extracelular de potássio (Capítulo 8), a pressão osmótica (Capítulos 4 e 11) e o equilíbrio ácido-base (Capítulo 12) do organismo, além de desempenhar um papel fundamental na regulação da pressão arterial (Capítulo 10) e de desempenhar funções endócrinas, como a produção de eritropoietina e da forma ativa da vitamina D.
A importância dos rins torna-se evidente quando se observam as conseqüências da perda de função renal. O indivíduo em insuficiência renal retém progressivamente os produtos do metabolismo nitrogenado, como a uréia, acumula líquidos sob forma de edema, perde a capacidade de diluir e concentrar a urina e torna-se incapaz de regular o equilíbrio ácido–base ou de manter o balanço e os níveis plasmáticos de eletrólitos tais como sódio, potássio, magnésio, cálcio e fósforo. Se a perda de função renal ocorrer lentamente devido à perda progressiva de néfrons (nefropatias progressivas), os néfrons remanescentes podem adaptar-se e manter a homeostase durante um longo período – o indivíduo desenvolve uma insuficiência renal crônica (ver Capítulo 15). Se no entanto a perda de função renal ocorrer de modo abrupto, o indivíduo terá desenvolvido uma insuficiência renal aguda (IRA). O impacto da disfunção renal será imediato e potencialmente grave: o indivíduo desenvolve rapidamente retenção de uréia e outros catabólitos, acidose metabólica, distúrbios eletrolíticos, tais como hiperpotassemia e hiponatremia, retenção de volume, podendo desenvolver por exemplo edema pulmonar. Quando a perda da função renal é muito grave, o paciente não chega a sobreviver mais do que alguns dias na ausência de tratamento intensivo. A IRA é portanto