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Abordagem psicológica da obesidade mórbida: Caracterização e apresentação do protocolo de avaliação psicológica
LUZIA TRAVADO (*)
RUTE PIRES (*)
VILMA MARTINS (*)
CIDÁLIA VENTURA (*)
SÓNIA CUNHA (*)
INTRODUÇÃO
A obesidade é considerada pela Organização
Mundial de Saúde um problema de saúde pública que tende a aumentar nos países industrializados, sendo que a obesidade mórbida (OM) é uma versão patológica desta. Classifica-se por um Índice de Massa Corporal igual ou superior a 40 Kg/m2
(IMC=peso/altura2 ≥ 40 Kg/m2) e é considerada uma doença crónica multi-factorial com consequências nefastas para a saúde e qualidade de vida dos indivíduos.
De um modo geral, o obeso mórbido tem um longo historial de tentativas de redução de peso, algumas das quais sob a orientação de técnicos de saúde, consistindo na sua maior parte numa
(*) Centro Hospitalar de Lisboa (Zona Central), Hospital de S. José, Equipa de Psicoterapia.
dieta e/ou no uso de fármacos. Apesar destes regimes terapêuticos proporcionarem uma redução de peso numa fase inicial, estes não são habitualmente satisfatórios, pois que, após a sua finalização a grande maioria dos pacientes obesos recupera em pouco tempo o peso perdido (Franques,
2003), chegando a níveis ainda mais altos que os anteriores (Garner & Wooley, 1991). A dificuldade em manter o peso perdido a longo prazo e a frustração face a estes regimens de tratamento são partilhados por quase todos os obesos que deste modo continuam a ganhar peso. Este tipo de insucesso no tratamento desta patologia deve-se em grande parte ao seu carácter unimodal, em que se privilegia uma intervenção biológica, bioquímica e prescritiva, característica do modelo biomédico, em detrimento dos aspectos psicossociais do indivíduo no seu processo de doença e de tratamento (Reis, 1998). As variáveis psicológicas, nomeadamente as de personalidade, parecem ter um importante papel nesta patologia