Bahia entre os séculos XIX e XXI
Até poucos anos, as categorias que utilizávamos como esquerda e direita, capitalismo e socialismo, serviam de guia para que pudéssemos nos inserir na realidade, em que pese o dogmatismo das mesmas.
Hoje, a realidade se apresenta mais complexa, o que, até certo ponto, é positivo. Como usar categorias antigas nestes novos contextos: a China é capitalista? O que permite adjetivar governos como de esquerda ou direita? Defender a descriminalização da droga indica uma postura liberal? Como enquadrar discussões de alta temperatura como o aborto e casamento gay?
Os tempos atuais exigem flexibilidade, uma vez que podemos ser liberais em alguns aspectos e conservadores em outros. Isto fica evidente em muitas discussões do noticiário brasileiro: quem imaginaria, há trinta anos, o PC do B defendendo mudanças conservadoras no debate do Código Florestal? O que é uma proposta inovadora e sintonizada com a visão de século XXI para o mundo e o Brasil?
Entendo que uma visão de século XXI passa pela ideia de uma transformação para sustentabilidade. Esta requer nova mentalidade capaz de colocar a perspectiva de longo prazo nos processos decisórios.
E isto em uma sociedade aprisionada pelo presente e curto prazo: acionistas e empresas preocupados com seus lucros e bonificações, governos com as próximas eleições e eleitores e consumidores em manter ou aumentar seu padrão de consumo.
As principais questões polêmicas do Brasil de hoje têm como pano de fundo a polarização entre uma visão de mundo do século XX versus século XXI: o país perdeu a capacidade de planejar, o que se constata pelos congestionamentos nas cidades e na ausência de transporte público eficiente, barato e não poluidor.
Na Bahia, encontramos claramente este conflito de visões: em uma das