bactérias geneticamente modificadas ataca tumores
Injetar bactérias geneticamente modificadas num tumor que já resistiu a vários tratamentos não parece a mais lógica das abordagens, mas foi o que fizeram cientistas nos EUA - e com um grau considerável de sucesso.
Ocorre que os micróbios são capazes de, ao mesmo tempo, "comer" pedaços do tumor e evitar danos aos tecidos saudáveis do paciente, mostra a pesquisa publicada na edição desta semana da revista especializada "Science Translational Medicine".
Os resultados, ainda muito preliminares, apesar de encorajadores, foram obtidos em testes com ratos, cães e com uma única paciente humana - outras pessoas devem participar dos ensaios clínicos em breve.
"Ainda estamos na fase 1 dos testes clínicos, cujo objetivo é verificar apenas se a terapia é segura. Ainda não temos como comparar essa abordagem com outros tratamentos contra o câncer, e é cedo para dizer quais tumores seriam mais vulneráveis a ela", disse à reportagem o médico Saurabh Saha, da empresa de biotecnologia BioMed Valley Discoveries.
A firma pretende transformar as descobertas em produtos caso tudo corra bem.
SEM AR
Saha e seus colegas desenvolveram sua própria variedade, ou cepa, da bactéria Clostridium novyi, que pode causar infecções graves em pessoas e animais.
A questão, porém, é que se trata de um micróbio anaeróbico, ou seja, que precisa de um ambiente pobre em oxigênio para se multiplicar. Foi isso que levou os cientistas a pensarem nela como arma.
É que o crescimento desordenado dos tumores faz com que, no interior deles, surjam regiões cheias de células com baixo suprimento de oxigênio - células que, aliás, são resistentes à quimioterapia ou à radioterapia. Surgiu, portanto, a ideia de enviar a C. novyi a essas áreas.
Antes disso, porém, os cientistas "deletaram" parte do DNA da bactéria, um gene que normalmente permite que o micróbio produza uma toxina bastante agressiva.
As bactérias foram então injetadas