Interacção Selectiva
Introdução
A população escolar caracteriza-se por uma grande diversidade social e étnica.
O acesso à escola a certos grupos sociais situados no escalão inferior da estrutura social, era dificultado e elementar. Durante o século XIX, os sistemas educativos eram classistas, e o ensino secundário era dividido em vários tipos, bem como a posição ocupacional e social, no final dos estudos.
Em Portugal existiam os liceus, mais prestigiados, e as escolas técnicas, comerciais e industriais orientadas para um ensino de tipo profissional destinado às classes mais desfavorecidas.
Entretanto dá-se a universalização e a democratização da educação escolar que nos leva a um contexto de educação pública de massas. Esta situação obrigou a refletir sobre:
O fracasso escolar massivo e sistemático de crianças/jovens de classes populares e grupos étnicos;
Uma população escolar social e culturalmente heterogénea;
As relações diferenciadas entre professores e diversos tipos sociais de estudantes.
Portanto, o presente artigo, retrata a influência que a escola e os professores têm na produção do insucesso escolar em geral e em particular em jovens oriundos de certos meios sociais.
1. Os clientes «ideais» da escola – Becker
Howard Becker partiu de uma análise cujo fundamento é o conceito de «cliente ideal», visto que o aluno é considerado um cliente a quem o professor vende o seu produto.
Desta forma, considera que os professores têm problemas de adaptação devido à diversidade sociocultural dos alunos.
O «cliente ideal» é a projeção/idealização que o professor tem dos seus alunos. Quando os alunos se aproximam desse ideal não existe «client problem», mas a verdade é que os clientes variam muito, visto pertencerem a uma sociedade urbana altamente diferenciada e não serão, então, «suitable clientes».
Uma professora entrevistada por Becker afirmou que as crianças vindas de bairros pobres não eram propriamente o