Babel
CRÍTICA - BABEL - “Eu não sou má, eu só cometi uma idiotice”. A fala da personagem Amélia, talvez sintetize o que o novo filme de Alejandro González Iñárritu nos mostra. Estamos há mercê do acaso, sujeitos há erros que reverta todo os nossos sonhos e objetivos.
Diferente de “21 gramas”, onde o discurso verborrágico, contestava Deus e as nossas ações permissíveis por ele. Babel não culpa ninguém diretamente. Ou seja, “não dá nome aos bois”, simplesmente porque não há a quem culpar, há não ser nós mesmos. O resultado é uma visão decadente, pessimista e desastrosa da globalização, que além de segregar, massacra.
E não importa se você mora nos EUA, em Marrocos, no Japão ou no México - O simples fato de você ser uma “marionete” solta na vida, faz com que se iguale a qualquer ser humano.
Cate Blanchett, Brad Pitt e Gael García Bernal, encabeçam um elenco que ganha força com as atuações do garoto marroquino, da adolescente japonesa e a babá mexicana (Adriana Bazarra) reais protagonistas de uma história onde não existem concessões e nem finais felizes.
Pitt e Blanchett, são um casal em crise a passeio por Marrocos. Alvos de uma bala perdida e dá intolerância do homem - Seja política ou moral. Todos nós temos medo - Todos nós queremos nos salvar. Uma população marroquina serve como exemplo dos rótulos impostos a toda uma civilização.
Os dois garotos marroquinos que brincam com uma arma e a garota surda, que enfrenta problemas na juventude, traçam um paralelo da juventude atual: armas, drogas, baixa-estima, ociosidade e impulsividade. É de perder a respiração o impacto da última cena de um dos garotos.
A babá mexicana de crianças americanas surge como uma anti-heroína, que quebra regras e paga caro por isso. Impedida de ir ao casamento do filho – justamente pela bala perdida que atingiu a patroa - Amélia decide cruzar a fronteira (EUA/México) com os filhos dos patrões. Lembra da novela América? Há tempos não se via uma atriz chorar tão comovidamente no cinema.